quarta-feira, 8 de outubro de 2014

SERÁ A ÚNICA VERDADE, DOUTOR JOÃO MOSCA?


Pergunta: será a única verdade, Doutor João Mosca, que a causa da violência eleitoral é o nervosismo da Frelimo e insegurança?
Se disse isso, sugerido pelo título de Magazine Independente, parece que a conclusão, e a dúvida está na possibilidade de a imprensa criar factos, é do tipo a-histórico. Por quê? O Dr. esquece-se que a Renamo, antes do MDM, teve dificuldades sempre que quis fazer campanha em Gaza?
Para mim, sem defender que gente de Gaza tenha esse tido de reacção, condenável, perante adversários políticos da Frelimo, a única diferença, analisando o passado anterior ao surgimento do MDM – pergunte ao Pondeca, da Renamo, o que já lhe aconteceu! – é que o MDM levava paus e mais armas ou para atacar  ou para se defender, em caso de violência.
A Perdiz, uma publicação da Renamo, comenta, ironizando a reacção do MDM: « Aquele partido que faz da arma dos outros  a sua virtude, afinal tem armas também. Só que são escondidinhas, já que para aldrabar o eleitorado entendeu por conveniente fazer-se passar por santinho desarmado… Estações televisivas mostram um galo bem furioso botando massarocas de camisete vestida para correr…»
Só queria recordar um facto: quando terminava a campanha de Daviz Simango, no ano passado, para a eleição autárquica, na Beira, muita gente sofreu graves ferimentos, espancada pelo MDM, cujos apoiantes destruíram viaturas de moçambicanos que passavam pela rua Kruss Gomes e pela avenida Samora Machel. Também era nervosismo da Frelimo, numa cidade onde este partido não ganha desde 2003?
Dr., penso que no meio de tudo isso, a Frelimo sai a perder sempre: perde, à partida, porque se polícias tentarem manter a ordem e carregar sobre autores da violência, dir-se-á que é polícia da Frelimo. Viu-se isso em Quelimane, depois da vitória do MDM, viu-se recentemente na cerimónia alusiva ao 4 de Outubro em Nampula, só para dar exemplos.
Depois da violência do fecho da campanha eleitoral na Beira, ainda tivemos a destruição de viaturas, barricadas nas vias públicas, incluindo a avenida Samora Machel, alegadamente porque estava a decorrer recrutamento compulsivo para o SMO. Quem saiu a perder? Não vale a pena responder, porque é óbvio!
 Se juntarmos a isso os ataques de Muxúnguè, onde morreram pessoas, outras sofreram ferimentos e mutilações, viaturas também queimadas com os ocupantes no interior, o que diremos? Tudo isso é nervosismo e insegurança da Frelimo? Quem saiu a perder? O Dr. sabe.
O que me causa confusão quando ouço académicos ou leio entrevistas a eles atribuídas é isto: a pressa em tirar conclusões!
Pode ser que a Frelimo esteja insegura e nervosa, mas as causas da violência eleitoral não podem ser resumidas dessa maneira.
Um académico não procura enganar os que menos estudaram, mas os ajuda a compreender os fenómenos sociais como é o caso da violência, senão, um dia, os roubos, assaltos a mão armada, raptos e outros crimes terão como explicação o nervosismo e insegurança da Frelimo!
Discordo, Dr!
Há coisas que diz e em certa medida concordo, mas desta vez parece que o jornal o deixou ir longe demais nas suas análises para consumo dos menos esclarecidos e provavelmente seus estudantes. Os meus pais ensinaram-me que mesmo que não goste de uma pessoa, não é certo culpá-la do que não fez, simplesmente por detestá-la.
Assim, essa declaração pode estimular a violência em vez de retraí-la, porque, à partida, existe um culpado, uma espécie de inimigo, passe a expressão. Não será que muitas organizações políticas andam nervosa e inseguras, desconhecendo os porquês disso porque em qualquer jogo haverá vencedores e vencidos!
Também acredito no nervosismo e insegurança de intelectuais profetas, e isso não tem nada a ver com a possibilidade de a Frelimo ganhar ou perder as eleições da próxima semana, mas sim diz respeito ao que todos os dias os leitores consomem, mesmo sendo análise de qualidade duvidosa, cujo propósito é a manipulação dos cidadãos incautos.
Fico por aqui, Dr. com apelo de que as mensagens de violência pós-eleições, até expressa por estrangeiros, são violentas e estimulam violência, como vimos no passado. Paz é o que se quer em Moçambique! Viva a paz!





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