Pergunta:
será a única verdade, Doutor João Mosca, que a causa da violência eleitoral é o
nervosismo da Frelimo e insegurança?
Se disse
isso, sugerido pelo título de Magazine Independente, parece que a conclusão, e
a dúvida está na possibilidade de a imprensa criar factos, é do tipo a-histórico.
Por quê? O Dr. esquece-se que a Renamo, antes do MDM, teve dificuldades sempre
que quis fazer campanha em Gaza?
Para mim,
sem defender que gente de Gaza tenha esse tido de reacção, condenável, perante
adversários políticos da Frelimo, a única diferença, analisando o passado anterior
ao surgimento do MDM – pergunte ao Pondeca, da Renamo, o que já lhe aconteceu! –
é que o MDM levava paus e mais armas ou para atacar ou para se defender, em caso de violência.
A Perdiz,
uma publicação da Renamo, comenta, ironizando a reacção do MDM: « Aquele
partido que faz da arma dos outros a sua
virtude, afinal tem armas também. Só que são escondidinhas, já que para
aldrabar o eleitorado entendeu por conveniente fazer-se passar por santinho
desarmado… Estações televisivas mostram um galo bem furioso botando massarocas
de camisete vestida para correr…»
Só queria
recordar um facto: quando terminava a campanha de Daviz Simango, no ano passado,
para a eleição autárquica, na Beira, muita gente sofreu graves ferimentos,
espancada pelo MDM, cujos apoiantes destruíram viaturas de moçambicanos que
passavam pela rua Kruss Gomes e pela avenida Samora Machel. Também era nervosismo
da Frelimo, numa cidade onde este partido não ganha desde 2003?
Dr., penso
que no meio de tudo isso, a Frelimo sai a perder sempre: perde, à partida,
porque se polícias tentarem manter a ordem e carregar sobre autores da
violência, dir-se-á que é polícia da Frelimo. Viu-se isso em Quelimane, depois
da vitória do MDM, viu-se recentemente na cerimónia alusiva ao 4 de Outubro em
Nampula, só para dar exemplos.
Depois da
violência do fecho da campanha eleitoral na Beira, ainda tivemos a destruição
de viaturas, barricadas nas vias públicas, incluindo a avenida Samora Machel,
alegadamente porque estava a decorrer recrutamento compulsivo para o SMO. Quem
saiu a perder? Não vale a pena responder, porque é óbvio!
Se juntarmos a isso os ataques de Muxúnguè,
onde morreram pessoas, outras sofreram ferimentos e mutilações, viaturas também
queimadas com os ocupantes no interior, o que diremos? Tudo isso é nervosismo e
insegurança da Frelimo? Quem saiu a perder? O Dr. sabe.
O que me
causa confusão quando ouço académicos ou leio entrevistas a eles atribuídas é
isto: a pressa em tirar conclusões!
Pode ser que
a Frelimo esteja insegura e nervosa, mas as causas da violência eleitoral não
podem ser resumidas dessa maneira.
Um académico
não procura enganar os que menos estudaram, mas os ajuda a compreender os
fenómenos sociais como é o caso da violência, senão, um dia, os roubos,
assaltos a mão armada, raptos e outros crimes terão como explicação o
nervosismo e insegurança da Frelimo!
Discordo,
Dr!
Há coisas
que diz e em certa medida concordo, mas desta vez parece que o jornal o deixou
ir longe demais nas suas análises para consumo dos menos esclarecidos e
provavelmente seus estudantes. Os meus pais ensinaram-me que mesmo que não
goste de uma pessoa, não é certo culpá-la do que não fez, simplesmente por
detestá-la.
Assim, essa
declaração pode estimular a violência em vez de retraí-la, porque, à partida,
existe um culpado, uma espécie de inimigo, passe a expressão. Não será que
muitas organizações políticas andam nervosa e inseguras, desconhecendo os
porquês disso porque em qualquer jogo haverá vencedores e vencidos!
Também
acredito no nervosismo e insegurança de intelectuais profetas, e isso não tem
nada a ver com a possibilidade de a Frelimo ganhar ou perder as eleições da
próxima semana, mas sim diz respeito ao que todos os dias os leitores consomem,
mesmo sendo análise de qualidade duvidosa, cujo propósito é a manipulação dos
cidadãos incautos.
Fico por
aqui, Dr. com apelo de que as mensagens de violência pós-eleições, até expressa
por estrangeiros, são violentas e estimulam violência, como vimos no passado.
Paz é o que se quer em Moçambique! Viva a paz!
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